facebook

terça-feira, 24 de julho de 2012

Mexeriqueira


Essa história não me pertencia, mas de tanto eu gostar dela parece que foi comigo que aconteceu. Eu durante alguns anos da minha vida, como já é sabido por alguns, trabalhei de free-lancer como pesquisador peregrinando por inúmeros institutos de pesquisa, essa vida não é nada fácil, mas tem suas vantagens quando ainda se é jovem, e esse era o meu caso na época, jovem, estudante e nada de responsabilidade na cachola, só cerveja faculdade e gandaia.

Pois bem, uma vida desregrada que não sugestiono a ninguém, se bem que me diverti muito nesse período e fiz também grandes amizades. Uma dessas amizades foi com o camarada João Álvaro, grande sujeito, bom amigo e ótimo guitarrista nas horas vagas, quase uma enciclopédia ambulante e cheio de polemicas e críticas um cara adorável e apaixonante, figuraça.

Certo dia quando estávamos tomando uns rabos de galo “Coq tail”, no qual ele chamava carinhosamente, passou um vendedor de frutas puxando seu carrinho repleto de mexericas e outras frutas mais. E como é de se esperar a conversa andava por caminhos sinuosos e tortos. Assim como nós saímos do bar seguindo a Avenida Vieira de Carvalho rumo a Praça da República. Torto, torto, torto, tomamos varias pra variar.

Nesse percurso que na verdade nem era muito longo ele foi contando uma história por conta do carrinho de frutas, lembrou naquele momento de uma linda mulher que ele havia visto num ônibus quando ele voltava para casa depois de um dia de trampo e uma rápida parada para a cachaça, imagina o estado do cara, daquele jeito, chapadão e pelo que ele me contou já se aproximava da meia noite, dia de semana, busão nessa hora nem era tão cheio, coisa e tal. O ônibus era o Parque Bristol rumo ao Cambuci, bairro que ele reside.

Voltando a história da linda mulher. Como já foi dito era tarde da noite e ele havia pegado o ônibus no ponto final, por isso teve a oportunidade de escolher o seu assento, e o loucão escolheu justamente aquele banco do fundo que fica de frente  ao corredor, segundo ele desse lugar você tem uma visão panorâmica do coletivo, olha só que loucura, gostava de viajar sentado ali vendo tudo no ônibus. Cada uma né!

O busão partiu rumo ao Cambuci e ele La sentado, quando o ônibus parou no ponto da República subiu a tal mulher, linda e vestida de vermelho com uma sacola na mão, os marmanjos do coletivo ficaram loucos tamanha a beleza daquela jovem mulher de vermelho e o João não foi diferente é claro, ainda, mas depois de umas na cabeça, muita fantasia para nós admiradores da beleza feminina, ficou cheio de idéias, e como se aquilo não bastasse, aquela beleza noturna e sozinha no Parque Bristol tirou da sacola mexericas e começou a descascar, aquele cheiro da mexerica segundo ele era um perfume afrodisíaco e estonteante, espalhando-se pelo ônibus inteiro como se fosse um chamado para a luxuria na noite paulistana, puta viagem desse cara, achei o maior barato, enfim, coisa de bêbado, só caras assim para ter essas idéias.

Adorei essa história, e sempre que sinto o perfume de mexerica me vem essa tal mulher na cabeça, maior viagem, me vejo naquele busão e o cheiro exalando por todos os lados como se eu estivesse naquela viagem e que viagem, só os loucos mesmo para ter tal imaginação.

Bom como já falei essa história não me pertencia, mas agora pertence e como sou um tonto acabei contando para a Andréinha, que por sua vez ficou enciumada com a imaginaria dama de vermelho, e adivinhem se puder. Sempre é a maior briga no período dessa fruta aqui em casa, já faz muito tempo que não compramos mexericas por aqui. E agora me responda. Quem é mais louco aqui em casa, eu com essa alucinação com essa tal dama de vermelho que eu nunca vi, ou a Andréinha enciumada de uma imaginação etílica. É isso, somos todos loucos.

2 comentários:

  1. A transgressão da mexerica para o blog , Homem mexerica para o conto, Mexerica love's para o romance; 'Mexe" Rica para o filme pornô...hehehe

    ResponderEliminar
  2. o melhor dessa história, é que ela, a mexeriqueira, realmente um dia entrou num certo coletivo linha pq. bristol, enfeitiçou os passageiros, todos homens + motorista e cobrador, com o aroma das mágicas mexiricas, desceu no ponto do term. pq. d. pedro II com todos acompanhando seu trajeto, até desvanecer-se na madrugada. demorou alguns segundos para que os ocupantes voltassem do transe. foi tudo real... ou delírio. o certo é que, como escreveu o amado marcio, o perfume da" fada das mexericas" ficou indelével na mente até hoje, passados 20 anos. ciao bambino!!!

    ResponderEliminar