facebook

domingo, 29 de junho de 2014

O que eu não quero pra mim eu não faço para os outros



Juro que não queria entrar no assunto, afinal assistir aos jogos da copa pra mim deveria ser somente diversão, entretenimento, respeito e tolerância, assim penso ser o esporte, ser competitivo sim, mas não desleal.

Dentre esses jogos já assistidos por mim e milhares de outras pessoas, testemunhamos jogadas extraordinárias, gestos bonitos de jogadores atendendo seus fãs, narrações de locutores envolventes. Torcedores alucinados vindos de todos os cantos do mundo, enfim, uma linda festa que sempre tem um espirito de porco.

Infelizmente em toda festa tem aquele inconveniente metido a engraçado, sempre com as mesmas piadas sem graça e intervenções desnecessárias, que só agradam ao piadista ou no máximo a aquele que o acompanha.

Sabe aquele sujeito que sempre acha que tem razão, só os seus são inteligentes ou educados, acham que podem falar o que pensam só porque estão numa determinada situação? Pois bem, pra mim esses caras não querem dizer absolutamente nada, a não ser que estão muitíssimos equivocados. Ter grana, estudar numa determinada escola ou fazer certas faculdades só isso não é sinônimo de elegância ou educação. Vide o que tem acontecido nos estádios.

Eu mesmo já escrevi sobre certos comportamentos quando estou no estádio e que até acho engraçado, mas, nem por isso devemos exagerar no andar da carruagem.

Calma lá, tudo tem limite.

Esse negócio de desrespeitar uma autoridade com xingamentos de baixo calão, falando palavrões não se justifica. Se temos opiniões divergentes ou qualquer coisa que o valha que se vá para o embate politico e não a falta de respeito, isso sim é intolerável, mas tudo bem, vire-se a pagina, já foi superado.

Supera-se um deslize e acontece outro, no outro caso pra mim também intolerável foi à vaia ao Hino Chileno. Que coisa chata e mal educada, sem motivo de ser e deveras deselegante. Qual a razão para ter tal comportamento? Não se sabe.

Enfim, a Copa das Copas que até agora tem dado certo pra mim só tem pecado num aspecto:

Esse comportamento estranho por parte de alguns que se acham melhores que os outros, e que estão acima do bem e do mal. Que bem é esse que vocês estão pregando?

De verdade não sei, só sei que:

O que eu não quero pra mim eu não faço para os outros.


Fica a dica.

Atualizando o Blog




sábado, 21 de junho de 2014

Fufu





Esses jogos da copa estão me deixando cheio de ideias e lembranças, não sei se por conta de eu não ter nada para fazer ou porque sou muito a toa mesmo.

Times de todas as nacionalidades, culturas e costumes diversos compartilhados, enfim, tudo para inspirar uma mente como a minha.

Meses antes de acontecer a Copa, num desses feriados aqui em São Paulo, eu e a família resolvemos almoçar fora. Queríamos algo diferente e, por isso pesquisei na internet um restaurante Africano que fica no centro da cidade, liguei e falei com um atendente chamado Victor, feito isso partimos ao restaurante que fica exatamente na Rua Barão de Limeira, lugar bacana, acima de qualquer suspeita e o melhor de tudo é o saudosismo que trás a mim e minha esposa, nos conhecemos nessa rua.

Feita a pesquisa fomos conhecer e matar a fome que já nos assombrava, devido a hora e famintos, pois havia passado bastante tempo do horário que estamos acostumados almoçar.

Chegamos ao local desejado, avaliamos se entraríamos ou não no local, enquanto decidíamos  fomos surpreendidos pelo simpático garçom, perguntei a ele se era o Victor e respondeu que sim, logo ele nos acomodou, eu, esposa e filho numa mesa colada ao balcão, pedimos umas bebidas e em seguida trouxe o cardápio.

Como gosto de valorizar a conversa, pedi ao garçom que me indicasse o prato mais regional que tivesse no restaurante, ele não diferente de mim também valoriza um assunto, respondendo:

- Tudo aqui é bom, tudo regional.

Voz bonita do sujeito, um sotaque francês, provavelmente por conta da ocupação  francesa pós primeira guerra em Camarões, sua Terra mãe.

Continuamos a ver o cardápio enquanto Victor atendia outras mesas, vários pratos, muita banana da Terra, mandioca, milho, boldo, esse último achamos estranho, aqui nosso costume com essa folha é usar para fins medicinais e não como alimento, enfim, curioso.

Chamamos novamente o garçom ainda com dúvidas sobre o que comeríamos, insisti que ele me indicasse o que achava de melhor, o cara já meio sem jeito ou de saco cheio comigo respondeu:

- Você não quer experimentar o meu Fufu, é muito gostoso.

Fiquei sem graça com a indicação do Victor, não tinha visto esse prato no cardápio, e como tinha de responder algo para ele dei de pronto:

- Você não acha que ainda é cedo? Acabamos de nos conhecer!

Minha esposa me olhou firmemente me condenando e fazendo imediatamente a pergunta ao Victor.

- Como é esse prato Victor? Me explica aí vai.

Victor sem entender nada explicou calmamente do que se tratava o Fufu, na ocasião tinha Fufu de mandioca, milho e arroz, decidimos então pelo de arroz, parecia algo mais familiar para encarar.

Dada a apresentação do prato justifiquei para a minha esposa a resposta que dei ao Victor.

- Andréiha, você não lembra quando ainda estava grávida um convite que recebemos para entrar numa casa de espetáculos aqui na Rua Aurora?

Esse convite se dera quando passávamos na frente de um inferninho.

- Vai saber, não conheço a cultura desses caras, vai que era uma proposta daquelas!

Ela respondeu:

- Deixa de bobagem, você sempre com essas coisas sem graça, que absurdo.

Demos risadas, lembramos episódios engraçados que passamos na região, encontramos antigos amigos e almoçamos o excêntrico prato de Gana, o polêmico e saboroso Fufu.

E não é que o Fufu é bom...


Observação:

No restaurante trabalham pessoas de quatro nacionalidades diferentes da África.

Camarões.
Senegal.
Gana.
Nigéria.


               Eis o Victor

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Bola fora.


Prudência, responsabilidade e bom senso nunca é demais.

Vira e mexe me deparo com essas situações e longe de mim querer questionar ou corrigir certos comportamentos, eu mesmo sou inoportuno por demais, amigos e familiares que o diga.

Na falta do que fazer por conta da minha enfermidade “Pé quebrado” comecei a lembrar de episódios que eu passara ou testemunhara. Bola fora todos nós cometemos, e eu pra variar tenho sempre alguma no repertório.

A bola fora em questão aqui não é minha nem tão pouco de algum conhecido próximo, e sim de um grande compositor, escritor, dramaturgo e aniversariante de hoje o Chico Buarque que esta completando 70 anos.

Juntando essa grande data ao fato do Chile ter eliminado a última campeã da Copa me ocorreu uma lembrança acerca de um texto que eu lera há alguns anos.

O texto em questão é:

“O encontro esperado com Chico Buarque.”

Quando li o texto pela primeira vez achei espetacular, adoro coisa errada, bola fora e comentários inoportunos, e o mais legal é que personalidades também cometem esses deslizes.

E qual foi o deslize?:

Chico numa ocasião recebeu o grande escritor Chileno Antonio Skármeta autor da obra “O Carteiro e o Poeta”, encontro desejado por ambos e intermediado por um amigo em comum.

Lembro me que a conversa se dera num restaurante em Ipanema, no Jantar estavam Chico, Skármeta e sua esposa, como não se conheciam pessoalmente fizeram as devidas apresentações e confidenciaram o interesse um no outro.

Skármeta confidenciara como surgiu seu interesse na esposa e que, além disso, a bela loira tinha a coleção completa dos discos do Chico. Acho que era mais ou menos isso.

Enfim, conversaram sobre música, caipirinha e futebol, esse último, aliás, de muito interesse por parte do Chico, afinal é um torcedor fanático do esporte, tem um time chamado Politheama e também torce pelo tricolor carioca Fluminense.

Dado ao ritmo da conversa como não poderia deixar de ser começaram a falar sobre posicionamento de futebol e Skármeta arriscou:

“— Eu sei, Chico, que você gosta de futebol. E qual o time do qual você mais gosta?

A resposta veio envolta num sorriso de indisfarçável orgulho:

— Eu tenho um time de futebol, o Politheama. Mas também torço pelo Fluminense.

A curiosidade do chileno concentrou-se em alguns aspectos da relação entre escritores e futebol. Por que será que ao contrário do que ocorre entre os músicos há tão poucos escritores que jogam futebol? O primeiro exemplo saltou em uníssono: Albert Camus. Chico vetou, enfático:

— Ele não era jogador de futebol: era goleiro. E goleiro não é jogador de futebol. Aqui no Brasil, quando a garotada joga, sobra para o gol quem é perna-de-pau. Aliás, até as meninas jogam no gol.

— Chico, você joga em que posição?

— Todas. Menos a de goleiro.

Skármeta bem que tentou defender os goleiros. Foi fulminado por uma pergunta marota:

— E você, joga em que posição?

A resposta veio cabisbaixa:

— Goleiro.”

Ficaram todos em silêncio e esqueceram o assunto por hora, afinal o mal estar e a bola fora foram arremessados como um lateral mal cobrado, que reversão, continuaram a jantar e falaram sobre outros assuntos.

Pois bem, falta do que fazer, jogos, e ser inoportuno da nisso, lembranças e homenagens a essas grandes figuras.

Parabéns Chico pelos seus 70 anos.

Parabéns Skármeta pela diplomacia conduzida na conversa.

E por fim Parabéns ao Chile pelo belo início de copa eliminando a atual campeã.

Chi Chi Chi Lê Lê Lê.

Viva Chile!









Estado de São Paulo - 1997 Eric Nepomuceno.