É
muito engraçado como nos tornamos escravos e dependentes da tecnologia, em tudo
ou quase tudo que fazemos dependemos desses recursos tecnológicos. Seja ele um
computador, uma TV, um rádio ou o bendito telefone celular, esse último nem se
fala, virou um acessório quase que obrigatório para todos, homens, mulheres,
crianças, enfim, todos sem exceção.
Dias
desses, indo para o trabalho de Metrô comecei a reparar no meu entorno o que
estava acontecendo, não que fosse da minha conta a conversa alheia, mas foi
inevitável, pois estava conversando com minha esposa e não conseguia escutar o
que ela me falava, tamanha a conversação que estava acontecendo no vagão e, o
pior não é isso, não estavam conversando com alguém que estivesse ali do lado e
sim no telefone celular, tinha naquele momento cinco pessoas falando ao mesmo
tempo em menos de dois metros quadrados, uma baita confusão, maior zum, zum
zum....
Foi
aí que desisti da minha conversa, fiquei quieto bisbilhotando os assuntos já
que o meu eu não conseguia concluir, tinha vários temas, um jovem discutindo
com o consórcio o que ele poderia pegar com sua carta de crédito, uma moça
falando de uma briga conjugal de uma amiga e outro rapaz falando de um affair
que ele conquistara no serviço, por fim
os outros dois camaradas que escutei meio por cima, sem conseguir descobrir
maiores detalhes, esses eu fiquei curioso, pareciam estar confidenciando
segredos, que me aguçou ainda mais minha curiosidade que logo terminaria pois
parte desses que conversavam tiveram de desembarcar na Estação Sé do metrô
levando consigo aqueles assuntos que eu presenciara.
Quando
tive de descer na estação Anhangabaú me peguei a pensar como eu era
bisbilhoteiro, o que eu tinha a ver com toda aquela conversa se eu não tinha
sido chamado, fiquei pensando também no affair do rapaz no serviço, se ela era
bonita ou não e coisas assim. Subi as escadas rolantes e quando chequei ao vale
do Anhangabaú passei a pensar em outras coisas, voltei à vida normal sem tentar
imaginar a vida alheia e seguir meu
caminho voltando à realidade e sem criar novas fantasias que a cidade nos
proporciona.
Por
fim pensei, trabalhamos e consumimos sem
pensar em tudo que a nossa grana permite. Só que naquele momento meu maior
sonho de consumo era não depender tanto dessa tecnologia, pois depois desse
advento nossas vidas se tornam cada dia
mais pública, tirando nossa privacidade e particularidade. É esse o preço que
pagamos.