Político,
Padre, Professor e Pesquisador Ô povo sem noção.
Dia
20 de Novembro, feriado da Consciência Negra em São Paulo e em algumas outras
cidades, ao invés de ficarmos em casa e descansar, sempre tem um sem noção que
acaba arrumando algum compromisso. E foi isso, reunião com essa galera às 9h00
da matina em uma Igreja da Zona Leste de São Paulo.
Até
aí tudo bem, se tratando que todos os envolvidos são militantes e trabalhadores
e não dispomos de muito tempo o que nos resta mesmo é trabalhar também nesses
dias de feriado, enfim, coisas da vida.
Eu
e meu irmão que sempre me coloca em barca furada, chegamos um pouco atrasados
na reunião, cerca de uns 10 minutos, algo bem tolerável por sinal. Perdemos as
apresentações afinal havia algumas personalidades que não conhecíamos.
Dentre
essas figuras, compunham a conversa na respectiva ordem: um Político, um Padre,
alguns Professores (meu irmão e eu) e outros dois Pesquisadores. Os quatro
Ps...
Bela
trupe para conversar aquela hora da manhã. Ah, tinha outros dois senhores
também, só que esses não sei bem o que faziam além da militância é claro. Pois só
militantes e loucos para se atrever a
fazer reunião em feriado e cedo. Cada uma.
Bom,
conversamos, escutamos a proposta, sugerimos, enfim, fomos bem civilizados até
que, uma hora começamos a falar da vida alheia. Um dos pesquisadores deixou
escapar que um fotógrafo deixara a batina na hora que ele colocou a hóstia na
boca daquela que seria sua futura esposa. O Padre por sua vez sugeriu que
deixássemos isso no arquivo morto, não sei se por corporativismo ou outra
razão, só sei que assim o fez.
Essa
foi uma das três que o pesquisador aprontou, cara esse totalmente sem noção,
mas ótimo pesquisador. Nem todo mundo é perfeito.
A
segunda foi ele começar a reclamar com o político o fato de querer ir embora.
Aí o pesquisador falava:
-
Porra fulano, só você em pleno feriado marca uma reunião como essa, vamos
embora cara.
Detalhe,
falando palavrão em alto e bom tom na Igreja e na frente do Padre.
E
nós lá, entretidos no meio de um enorme arquivo vendo todo aquele material da
igreja e, eu me divertindo com as presepadas do cara. Olhamos, discutimos
alguns encaminhamentos e descemos para a sala do Padre para as despedidas. E é
aí que vem a derradeira.
O
pesquisador é claro, além de inconveniente e sem noção, também é fumante
incorrigível, e essa foi a melhor.
O
cara que já devia estar num desespero danado, pediu um cigarro para um dos
nossos colegas da reunião. O senhor não pestanejou e gentilmente lhe cedeu e também
pegou um para o seu deleite. Os dois não tiveram dúvidas, estavam acendendo cigarro
dentro do Templo Religioso. Quase pegaram a vela do altar das orações para
acender o bendito cigarrinho. Foi o maior barato.
Vi
a cena e comecei a dar risada, pois, eu e meu irmão testemunhamos numa ocasião
o Padre o anfitrião da reunião parar uma plenária em local a céu aberto para
chamar a atenção de um cara que fumava. Veja
bem, nessa plenária tinha umas mil pessoas e o padre implicou, imagina se ele
visse isso dentro da igreja dele. Seria o caos.
Puxamos
o pesquisador e o senhor para fora da Igreja e contamos o fato dando muita
risada. Os dois acharam um absurdo dizendo que o padre estava de perseguição, o
senhor mais tolerante aceitou e o pesquisador espírito de porco que era, ficou
fumando na escada da igreja e deixando as bitucas por lá, só para pilhar o Padre
quando as visse.
Enquanto
esperávamos o Político e o Padre acabarem seus assuntos, confabulamos sobre
essas questões que agora não são politicamente corretas: vícios, equívocos da
infância, e o começo de tudo.
Vício
é assim, cada um com a sua cachaça.
O
pesquisador e o senhor com os seus cigarrinhos.
Eu
e meu Irmão com a militância.
O
Político com a política.
E
o Padre com o seu antitabagismo.
E
cada um com seu cada qual.