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domingo, 15 de fevereiro de 2015

Depois do Baile Verde.



Como somos influenciados pela leitura, dia desses véspera de carnaval, peguei um livro que há tempos tenho em casa, esse livro é da coleção "Para gostar de Ler", na verdade já havia começado a leitura só que não tinha levado a diante, na ocasião não levei a sério, sem foco na verdade, daí minha nova tentativa.


Essa tentativa agora bem sucedida, porém dolorosa, se tratava de questões éticas o livro, histórias para reflexão, criticas e muito mal estar.


Li todos os textos e como se tratava de contos não os li pela ordem das páginas ou contos, lia conforme o autor, peguei primeiro os que já conhecia, depois na ordem daqueles que mais gosto e assim foi. Li, pensei, enjoei, tive alguns contratempos por conta disso.


Vários autores, La Fontaine, Machado de Assis, Moacyr Scliar, Voltaire, Guido Fidelis, Lygia Fagundes Telles entre outros.


Essa última me causara um tremendo mal estar, e que mal estar.


O texto que me fizera enjoar e pensar de modo assustador e conservador foi "Antes do baile verde". Li durante um passeio que fiz com a família num carnaval, e por uma infeliz coincidência o referido "Antes do baile verde" tratava-se exatamente dessa festa e de como as pessoas ficam alucinadas e bestializadas com a farra.

Quando estava lendo comecei a sentir um enjôo danado, não acreditava como alguém poderia se importar tanto com uma festa tendo em casa um pai enfermo.


Fui lendo a saga da jovem Tatisa se organizando para o bendito baile, que ainda ia suceder-se. A preocupação da menina em estar vestida apropriadamente e com devida maquiagem, para uma jovem coisa normal, na verdade até razoável para quem vai brincar o carnaval, porém, não pra quem esta com alguém doente em casa. Tudo bem é só uma história.


Fui lendo, passando mal e de verdade louco para compartilhar com alguém minha aflição, até cheguei a passar para uma das minhas irmãs o texto que eu acabara de ler, assim poderia dividir aquela dor momentânea, e assim o fiz.


Se tratando de literatura e a temática abordada não poderia ser diferente, a ideia devia ser realmente causar alguma coisa, e causou, sempre quando escuto o nome da autora ou vejo a cor verde me vem à cabeça a jovem Tatisa e o seu egoísmo para ir ao baile com o seu namorado machão Raimundo, personagem esse que também me fizera ter bastante raiva, aliás, estou para ver alguém que realmente prestasse nesse maldito conto.


Mas é isso, leituras, filmes, músicas tem essa função de despertar sentimentos, no meu caso esse sentimento veio acompanhado com um pouco de raiva, lição de vida e valores, esse último que a meu ver vem se perdendo por conta do nosso egoísmo e individualismo, estamos tão egoístas que ao tirarmos uma foto estamos na maioria das vezes só. Selfies ou no bom português o autorretrato é a onda da vez. Nem isso estamos sendo capazes de fazer com os outros tamanha a individualidade e a autossuficiência do povo.


Detrimento dos outros a nosso favor parece-me estar se tornando lugar comum, que pena, não deveria ser assim. Diversão, compaixão e alegria tudo tem a sua hora, e no caso de Tatisa não foi bem assim, deixou de lado seu pai enfermo beirando a morte em troca de um baile de carnaval.


Resumo da opera, já é o segundo carnaval que tenho calafrios, até li outros contos da Lygia para tirar essa má impressão. Ainda não consegui!


Haja Sonrisal nesse carnaval.


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