A palavra escambo pra mim já estava em desuso, pois
sempre que eu a mencionava dizia respeito à matéria que estava discutindo com
alunos, e como não estou dando aulas de história ela ficou meio de escanteio.
Pra minha sorte ou
azar, de uns tempos pra cá ela voltou à tona não porque eu queira, e sim
por motivos mais que justificáveis.
Depois do lançamento do meu livro Justa Palavra
passei a frequentar rodas de discussões literárias, saraus e lançamentos de
livros de colegas e também não colegas. Isso sempre com a esperança de, num
desses encontros eu também vender o meu peixe.
Sempre que vejo um convite para um desses eventos logo
penso na possibilidade de mostrar meu modesto trabalho, coloco alguns
exemplares na mochila sempre com a esperança de conseguir vender ao menos um,
se isso acontecer, pelo menos a condução é garantida, penso eu.
Só penso mesmo. Do mesmo jeito que saio de casa eu
volto, sempre com o peso da mochila e do pensamento.
Sou tão bom vendedor como escritor, volto na maior
frustração desses encontros, ou melhor, voltava.
Diante dessa minha incapacidade de vender meus
livros eu passei a adotar outra medida. Comecei a mostrar timidamente meu livro
a outros colegas, que também estão na mesma luta, isso sempre no intuito de
aguçar a curiosidade e a compra. Tentativas essas sempre sem sucesso, pois
assim como eu esses colegas também devem sair de casa com a mesma intenção,
coitados de nós.
Bom, venda que é bom nada. Sabido disso resta agora
à última cartada, já que estamos todos com o mesmo objetivo que é vender os
livros e poucos se manifestam para comprar sempre rola a proposta, não
indecorosa é claro. Aí um fala:
- Vamos fazer um escambo?
Eu topo na hora, independente do que se trata o
objeto de troca, aceito livros,CDs, cartilhas o que tiver eu faço na hora a transação, já que as vendas não
rolam e não consigo arrecadar nada, pelo menos eu saio dos encontros municiado
com novos livros e de quebra uma nova amizade.
E assim se encerram meus encontros literários,
saraus e lançamentos de livros que vou. Normalmente com a mesma quantidade de
livros que saio de casa, só que invés de voltar com os meus livros eu volto
também com as obras desses novos e solidários colegas das letras e da luta.
Isso é o que nos resta, ou melhor, é o que tem
restado pra mim e que na verdade tenho gostado muito. E como tenho gostado.
Quem disse que só dinheiro se compra algo? O escambo
está de volta, pelo menos para os escritores e artistas desses encontros.
Rola um escambo aí?!.
..............CONTINUA..................
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