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quinta-feira, 19 de junho de 2014

Bola fora.


Prudência, responsabilidade e bom senso nunca é demais.

Vira e mexe me deparo com essas situações e longe de mim querer questionar ou corrigir certos comportamentos, eu mesmo sou inoportuno por demais, amigos e familiares que o diga.

Na falta do que fazer por conta da minha enfermidade “Pé quebrado” comecei a lembrar de episódios que eu passara ou testemunhara. Bola fora todos nós cometemos, e eu pra variar tenho sempre alguma no repertório.

A bola fora em questão aqui não é minha nem tão pouco de algum conhecido próximo, e sim de um grande compositor, escritor, dramaturgo e aniversariante de hoje o Chico Buarque que esta completando 70 anos.

Juntando essa grande data ao fato do Chile ter eliminado a última campeã da Copa me ocorreu uma lembrança acerca de um texto que eu lera há alguns anos.

O texto em questão é:

“O encontro esperado com Chico Buarque.”

Quando li o texto pela primeira vez achei espetacular, adoro coisa errada, bola fora e comentários inoportunos, e o mais legal é que personalidades também cometem esses deslizes.

E qual foi o deslize?:

Chico numa ocasião recebeu o grande escritor Chileno Antonio Skármeta autor da obra “O Carteiro e o Poeta”, encontro desejado por ambos e intermediado por um amigo em comum.

Lembro me que a conversa se dera num restaurante em Ipanema, no Jantar estavam Chico, Skármeta e sua esposa, como não se conheciam pessoalmente fizeram as devidas apresentações e confidenciaram o interesse um no outro.

Skármeta confidenciara como surgiu seu interesse na esposa e que, além disso, a bela loira tinha a coleção completa dos discos do Chico. Acho que era mais ou menos isso.

Enfim, conversaram sobre música, caipirinha e futebol, esse último, aliás, de muito interesse por parte do Chico, afinal é um torcedor fanático do esporte, tem um time chamado Politheama e também torce pelo tricolor carioca Fluminense.

Dado ao ritmo da conversa como não poderia deixar de ser começaram a falar sobre posicionamento de futebol e Skármeta arriscou:

“— Eu sei, Chico, que você gosta de futebol. E qual o time do qual você mais gosta?

A resposta veio envolta num sorriso de indisfarçável orgulho:

— Eu tenho um time de futebol, o Politheama. Mas também torço pelo Fluminense.

A curiosidade do chileno concentrou-se em alguns aspectos da relação entre escritores e futebol. Por que será que ao contrário do que ocorre entre os músicos há tão poucos escritores que jogam futebol? O primeiro exemplo saltou em uníssono: Albert Camus. Chico vetou, enfático:

— Ele não era jogador de futebol: era goleiro. E goleiro não é jogador de futebol. Aqui no Brasil, quando a garotada joga, sobra para o gol quem é perna-de-pau. Aliás, até as meninas jogam no gol.

— Chico, você joga em que posição?

— Todas. Menos a de goleiro.

Skármeta bem que tentou defender os goleiros. Foi fulminado por uma pergunta marota:

— E você, joga em que posição?

A resposta veio cabisbaixa:

— Goleiro.”

Ficaram todos em silêncio e esqueceram o assunto por hora, afinal o mal estar e a bola fora foram arremessados como um lateral mal cobrado, que reversão, continuaram a jantar e falaram sobre outros assuntos.

Pois bem, falta do que fazer, jogos, e ser inoportuno da nisso, lembranças e homenagens a essas grandes figuras.

Parabéns Chico pelos seus 70 anos.

Parabéns Skármeta pela diplomacia conduzida na conversa.

E por fim Parabéns ao Chile pelo belo início de copa eliminando a atual campeã.

Chi Chi Chi Lê Lê Lê.

Viva Chile!









Estado de São Paulo - 1997 Eric Nepomuceno.

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