Prudência, responsabilidade e bom senso nunca é
demais.
Vira e mexe me deparo com essas situações e longe de
mim querer questionar ou corrigir certos comportamentos, eu mesmo sou
inoportuno por demais, amigos e familiares que o diga.
Na falta do que fazer por conta da minha enfermidade
“Pé quebrado” comecei a lembrar de episódios que eu passara ou testemunhara.
Bola fora todos nós cometemos, e eu pra variar tenho sempre alguma no
repertório.
A bola fora em questão aqui não é minha nem tão pouco
de algum conhecido próximo, e sim de um grande compositor, escritor, dramaturgo
e aniversariante de hoje o Chico Buarque que esta completando 70 anos.
Juntando essa grande data ao fato do Chile ter
eliminado a última campeã da Copa me ocorreu uma lembrança acerca de um texto
que eu lera há alguns anos.
O texto em questão é:
“O encontro esperado com Chico Buarque.”
Quando li o texto pela primeira vez achei
espetacular, adoro coisa errada, bola fora e comentários inoportunos, e o mais
legal é que personalidades também cometem esses deslizes.
E qual foi o deslize?:
Chico numa ocasião recebeu o grande escritor Chileno
Antonio Skármeta autor da obra “O Carteiro e o Poeta”, encontro desejado por
ambos e intermediado por um amigo em comum.
Lembro me que a conversa se dera num restaurante em
Ipanema, no Jantar estavam Chico, Skármeta e sua esposa, como não se conheciam
pessoalmente fizeram as devidas apresentações e confidenciaram o interesse um
no outro.
Skármeta confidenciara como surgiu seu interesse na esposa
e que, além disso, a bela loira tinha a coleção completa dos discos do Chico. Acho
que era mais ou menos isso.
Enfim, conversaram sobre música, caipirinha e
futebol, esse último, aliás, de muito interesse por parte do Chico, afinal é um
torcedor fanático do esporte, tem um time chamado Politheama e também torce
pelo tricolor carioca Fluminense.
Dado ao ritmo da conversa como não poderia deixar de
ser começaram a falar sobre posicionamento de futebol e Skármeta arriscou:
“— Eu sei, Chico, que você gosta
de futebol. E qual o time do qual você mais gosta?
A resposta veio envolta num
sorriso de indisfarçável orgulho:
— Eu tenho um time de
futebol, o Politheama. Mas também torço pelo Fluminense.
A curiosidade do chileno
concentrou-se em alguns aspectos da relação entre escritores e futebol. Por que
será que ao contrário do que ocorre entre os músicos há tão poucos escritores
que jogam futebol? O primeiro exemplo saltou em uníssono: Albert Camus. Chico
vetou, enfático:
— Ele não era jogador de
futebol: era goleiro. E goleiro não é jogador de futebol. Aqui no Brasil,
quando a garotada joga, sobra para o gol quem é perna-de-pau. Aliás, até as
meninas jogam no gol.
— Chico, você joga em que
posição?
— Todas. Menos a de goleiro.
Skármeta bem que tentou defender
os goleiros. Foi fulminado por uma pergunta marota:
— E você, joga em que
posição?
A resposta veio cabisbaixa:
— Goleiro.”
Ficaram todos em silêncio e esqueceram o assunto por
hora, afinal o mal estar e a bola fora foram arremessados como um lateral mal
cobrado, que reversão, continuaram a jantar e falaram sobre outros assuntos.
Pois bem, falta do que fazer, jogos, e ser
inoportuno da nisso, lembranças e homenagens a essas grandes figuras.
Parabéns Chico pelos seus 70 anos.
Parabéns Skármeta pela diplomacia conduzida na
conversa.
E por fim Parabéns ao Chile pelo belo início de copa
eliminando a atual campeã.
Chi Chi Chi Lê Lê Lê.
Viva Chile!
Estado de São Paulo - 1997 Eric Nepomuceno.
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