Todo mundo tem uma trilha sonora que retrata algum período da
vida, um romance, um dia, uma história, enfim, algo que marque uma passagem,
seja ela qual for, e eu pobre mortal que sou não seria diferente, sou cheio dessas
passagens, e quê passagens!
Normalmente escuto músicas mais no carro que em casa, e dia
desses escutei uma música que nem gosto tanto, mas a artista essa sim eu gosto,
tenho boas e divertidas lembranças quando a escuto, até arrisco cantarolar
partes da música, maior barato .
“Sorry
Is all that you can say?
Years gone by and still
Words don't come easily
Like sorry
Like sorry”
É uma tragédia meu acompanhamento, canto, sorrio e ninguém
entende minha felicidade, a música é brega pra caramba, pelo menos é o que
acho, mas canto mesmo assim, a lembrança vale mais que o gênero musical do que
qualquer outra coisa.
E por que a boa lembrança?
Quando ainda era solteiro frequentava uma danceteria na Rua Bela
Cintra, uma casa GLS de bastante repercussão na época, boa música, galera
divertida e muitos amigos e amigas frequentavam, ótimo lugar para dançar.
Como era solteiro, tava sempre facinho facinho, e numa dessas
minhas disponibilidades conheci uma linda moça que se assemelhava esteticamente
a cantora Tracy Chapman. A semelhança era tamanha que a galera a chamava pelo
nome da cantora e foi assim que eu a conheci, como Tracy. A única coisa que a
diferenciava da cantora certa época foi o corte de cabelo que a genérica fez,
pois ela cortou bem curtinho e pintou de loiro, de resto era bem parecida
mesmo, linda, muito linda.
Outra particularidade da moça é que ela jogava no mesmo time que
eu, eu gostava de meninas e ela também, embora muitos dos meus amigos não
acreditassem e ainda não acreditam até hoje na minha opção. Tô nem aí, o
importante é a diversão e o respeito. Enfim, acabamos nos conhecendo e gostando
um do outro, até rolou uma rápido chamego entre nós, romance de balada. Acho
que ela não tinha nada melhor e fazia uma caridade me dando uns pegas, e que
pega a danada dava. Dahora.
Trombávamos na balada e quando estávamos só ela me pegava, ou
melhor, quando ela estava só, eu mesmo nunca pegava ninguém além da Tracy, era
e continuo sendo maior timidão, e tendo a chance não perdia tempo.
Aproveitava para o meu deleite e o dela eu acho, e nos
atracávamos. Certa ocasião quando ela cortou o cabelo e pintou um amigo nos viu
no rala e rola na pista de dança, o cara não falou nada até que fôssemos embora
e aí ele perguntou meio rindo da situação.
-Porra Marcião, nem falou nada. Quem era aquele cara que você
estava se enroscando?
Falei que era uma mina e não um cara e é lógico que o sujeito não
acreditou. Fazer o quê? Pista de dança, meio escuro, todo gato é pardo.
Noutra balada apresentei a Tracy ao amigo que desconfiava do meu
affair e resolvi o impasse.
Depois desse nosso último encontro fui trocado por outra. E bem
verdade, no lugar da Tracy faria o mesmo, a moça que ela conhecera era bem mais
interessante que eu. Foda, fui trocado por uma mina e só não entendia uma
coisa.
Porque ela se engraçou comigo se ela arrepiava e pegava todo
mundo na balada?
A Tracy apavorou, eu feio pra caramba, já era gordo e cego, e
ela me dando mole. Sei lá, vai entender, só sei que depois da genérica passei a
ouvir a original com gosto, e até arrisco cantarolar as músicas.
Quem disse que genéricos e os covers não são bons?
São sim, precisam ver a Tracy.
“Sorry
Is all that you can say?
Years gone by and still
Words don't come easily
Like sorry
Like sorry.”
Sem comentários:
Enviar um comentário