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domingo, 25 de janeiro de 2015

Tracy



Todo mundo tem uma trilha sonora que retrata algum período da vida, um romance, um dia, uma história, enfim, algo que marque uma passagem, seja ela qual for, e eu pobre mortal que sou não seria diferente, sou cheio dessas passagens, e quê passagens!

Normalmente escuto músicas mais no carro que em casa, e dia desses escutei uma música que nem gosto tanto, mas a artista essa sim eu gosto, tenho boas e divertidas lembranças quando a escuto, até arrisco cantarolar partes da música, maior barato .


“Sorry
Is all that you can say?
Years gone by and still
Words don't come easily
Like sorry
Like sorry”

É uma tragédia meu acompanhamento, canto, sorrio e ninguém entende minha felicidade, a música é brega pra caramba, pelo menos é o que acho, mas canto mesmo assim, a lembrança vale mais que o gênero musical do que qualquer outra coisa.

E por que a boa lembrança?

Quando ainda era solteiro frequentava uma danceteria na Rua Bela Cintra, uma casa GLS de bastante repercussão na época, boa música, galera divertida e muitos amigos e amigas frequentavam, ótimo lugar para dançar.

Como era solteiro, tava sempre facinho facinho, e numa dessas minhas disponibilidades conheci uma linda moça que se assemelhava esteticamente a cantora Tracy Chapman. A semelhança era tamanha que a galera a chamava pelo nome da cantora e foi assim que eu a conheci, como Tracy. A única coisa que a diferenciava da cantora certa época foi o corte de cabelo que a genérica fez, pois ela cortou bem curtinho e pintou de loiro, de resto era bem parecida mesmo, linda, muito linda.

Outra particularidade da moça é que ela jogava no mesmo time que eu, eu gostava de meninas e ela também, embora muitos dos meus amigos não acreditassem e ainda não acreditam até hoje na minha opção. Tô nem aí, o importante é a diversão e o respeito. Enfim, acabamos nos conhecendo e gostando um do outro, até rolou uma rápido chamego entre nós, romance de balada. Acho que ela não tinha nada melhor e fazia uma caridade me dando uns pegas, e que pega a danada dava. Dahora.

Trombávamos na balada e quando estávamos só ela me pegava, ou melhor, quando ela estava só, eu mesmo nunca pegava ninguém além da Tracy, era e continuo sendo maior timidão, e tendo a chance não perdia tempo.

Aproveitava para o meu deleite e o dela eu acho, e nos atracávamos. Certa ocasião quando ela cortou o cabelo e pintou um amigo nos viu no rala e rola na pista de dança, o cara não falou nada até que fôssemos embora e aí ele perguntou meio rindo da situação.
-Porra Marcião, nem falou nada. Quem era aquele cara que você estava se enroscando?

Falei que era uma mina e não um cara e é lógico que o sujeito não acreditou. Fazer o quê? Pista de dança, meio escuro, todo gato é pardo.

Noutra balada apresentei a Tracy ao amigo que desconfiava do meu affair e resolvi o impasse.

Depois desse nosso último encontro fui trocado por outra. E bem verdade, no lugar da Tracy faria o mesmo, a moça que ela conhecera era bem mais interessante que eu. Foda, fui trocado por uma mina e só não entendia uma coisa.

Porque ela se engraçou comigo se ela arrepiava e pegava todo mundo na balada?

A Tracy apavorou, eu feio pra caramba, já era gordo e cego, e ela me dando mole. Sei lá, vai entender, só sei que depois da genérica passei a ouvir a original com gosto, e até arrisco cantarolar as músicas.

Quem disse que genéricos e os covers não são bons?
São sim, precisam ver a Tracy.


“Sorry
Is all that you can say?
Years gone by and still
Words don't come easily
Like sorry
Like sorry.”


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