Que Picasso que nada.
Precisamos sair desse lugar comum e
achar que devemos ver tudo que a mídia nos oferece. Essa Semana em São Paulo
começou uma exposição do pintor modernista Pablo Picasso, exposição que
aparentemente será muito badalada por esses dias, e não é por menos, se
tratando desse artista é mais que legitimo as pessoas quererem apreciar as
obras.
E eu como não sou diferente de
nenhum outro pobre mortal que habita essa grande cidade resolvi arriscar uma
visita ao local da exposição. Caminhada em vão.
Chegando ao CCBB “Centro Cultural
Banco do Brasil”, como era de se esperar, a fila não estava nada atrativa, pois
a mesma dobrava a rua XV de novembro, parei para desencargo de consciência e
perguntei para a atendente quanto tempo era estimado para conseguir entrar na
visitação, a mesma respondeu simpaticamente que umas duas horas. Tendo a
resposta agradeci e parti. Acho um absurdo e desrespeitoso todo esse tempo para
ver seja lá o que for, mas enfim. É só não ficar, e foi o que eu fiz.
Desisti do passeio, pelo menos
parte dele. Como já estava no centro de São Paulo e não queria perder a
oportunidade da tarde agradável que estava, aproveitei para ir a outro centro
cultural, só que desta vez o da Caixa Econômica Federal, coisa que por sinal se
já soubesse nem teria perdido tempo indo no outro. E sabe por quê?
No centro cultural da Caixa que
fica bem na Praça da Sé, estava acontecendo ao mesmo tempo três exposições além
do museu do banco que fica no sexto andar.
Dessas três exposições que estavam
acontecendo simultaneamente teve uma que me chamou mais atenção. A do escritor
Paulo Leminski, escritor esse que bem verdade não o conhecia muito bem, a não
ser o fato de ele ser poeta e do sul, nada, além disso, mas mesmo assim parei
para apreciar, e de verdade foi a melhor escolha para o momento.
Uma exposição bonita e leve,
imagens, vídeos, poesias manuscritas por ele, objetos pessoais e uma sala que
acredito eu ser a reprodução do local onde ele vivia. Enfim, uma exposição que
não deixa nada a desejar se comparado a outros artistas do mundo afora.
Ficamos por aí perambulando atrás desses
renomados artistas internacionais, e esquecemo-nos dos caras que foram criados
no quintal de nossa casa em favorecimento da cultura alheia, não que eles não
sejam importantes, é lógico que são.
É claro que devemos prestigiar
Picasso, Monet, Dalí, Miró e tantos outros artistas, o problema de tudo isso é
o tempo que perdemos nessas filas intermináveis para conhecermos um pouco deles
sendo que há poucos metros temos outras exposições tão bonitas e tão
importantes como essas que a mídia nos vende.
Finalizo fazendo a pergunta que não
quer calar.
Porque a grama do vizinho é mais
verde?
Ou melhor.
Porque nossa arte não é tão
visitada e valorizada quanto à desses outros nobres artistas?
Não importa a resposta, pra mim
valeu mesmo a bela visita que fiz no Centro Cultural da Caixa.
Bela exposição de Paulo em São
Paulo.
Que Picasso que nada, o negócio é
Leminski.